sábado, 28 de maio de 2016

Represent: Cuba!


Capítulo II - Havana.


Toda a gente nos dizia que Havana era voltar atrás no tempo. Após três dias a vaguear pelas ruas e uns dias de reflexão depois, ainda há dúvidas.

Havana, para nós, deixa sentir o seu  passado, mas vive o presente e a anseia, com uma ansiedade bem capitalista,  pelo futuro. Não é voltar atrás no tempo mas sim antever o futuro. Obras, reconstruções, alterações misturam-se com casas degradadas e ruas desfeitas. Fachadas pobres e podres são portas de entrada para interiores cosmopolitas e modernos. Carros antigos dividem a estrada com modelos recentes. Bairros colonialistas operários de cores desbotadas compartem a rua com edifícios de arquitetura contemporânea. Roupa colorida estendida nas varandas partilha o espaço com holofotes, cenários e carros rápidos hollywoodescos. Turistas saudosistas cruzam as ruas com cubanos a prever o futuro. A lassidão de uns confronta-se com a pressa de outros.

No fundo, parece-nos que a paragem no tempo é mais um desejo de quem vê do que uma realidade. Mas se a paisagem (ou a viagem) é sempre a experiência de um individuo e, portanto, questionável como reflexo das suas perceções, a realidade é algo indiscutível: Havana e Cuba estão em mudança.

Nós gostámos muito de Havana. Adorámos o contraste. E esta é uma cidade de contrastes, choques, oposições entre o belo e o feio; o passado e o presente.

Ainda em casa fizemos questão de ver o que o site oficial de turismo nos oferecia (Autentic Cuba) e trazíamos umas ideias transmitidas por amigos que já haviam estado por terras cubanas do que não podíamos deixar de ver mas, desta vez, não houve lugar para pesquisas detalhadas.

Assim, pereceu-nos boa opção iniciar uma vista geral da cidade a bordo o autocarro turístico. A paragem era mesmo junto ao hotel e o bilhete, com o valor de 10 CUC (cerca de 10 euros), permitia andar todo o dia e sair e entrar sempre que o desejássemos. Foi uma boa opção. Seguimos a rota do autocarro com o guia de viagem (que muito jeito nos deu já que uma planta de Havana é coisa rara para o visitante) e ficámos de imediato com uma ideia geral da configuração da cidade e dos pontos onde nos apearíamos. Percorremos as três áreas principais da cidade: Habana Vieja, Centro Habana e Prado, e Vedado e Plaza e logo percebemos que Havana é enorme.

Saímos em Havana Vieja para começar o nosso périplo pelas ruas.

E esse périplo durou três dias.

Deambulamos de guia na mão para não falhar nenhum dos pontos chave. Abrimos os olhos para os lugares emblemáticos. Lemos a história da cidade e de alguns dos seus edifícios. Fomos às cinco praças que não se podem deixar de ver em Havana: a praça da revolução, a praça da catedral, a praça velha, a praça de São Francisco e a praça do capitólio . Bebemos daiquiris no Floridita. Comemos pernil e bebemos mojitos na Bodeguita del Médio. Visitámos o capitólio, a fortaleza da Real Fuerza, o Hotel Inglaterra, o Gran Teatro de La Habana, o museu de La Revolucion, o museu de Belas Artes, a Catedral de San Cristóbal, o Palácio de Los Marqueses de Arcos, o Hotel Ambos os Mundos, o Palácio de Los Marqueses de Aguas Claras, a necrópole de Colombo. Fotografámos os carros. Dissemos mil e uma vezes que não queríamos charutos aos vendedores de rua. Descansámos nos jardins. Ouvimos a música constante pelas ruas. Conversámos com as pessoas. Jantámos no La Guarida (convém reservar via net aqui!) . Subimos e descemos o Paseo del Prado. Passeámos pelas ruas de Obispo, O´Reilly, de los Oficios... Fomos ao Callejón de Hamell. Visitámos um ou outro mercado. Vimos o pôr do sol no Malecón. Apanhámos chuva tropical. Caminhámos, caminhámos, caminhámos…

E percebemos que o melhor de Havana é fechar o guia e perdermo-nos pelas ruas. É deixar-nos o coração impregnar-se das cores desbotadas, sentir o cheiro do mar e balançar ao ritmo da salsa.

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