Capítulo II - Havana.
Toda a gente nos
dizia que Havana era voltar atrás no tempo. Após três dias a vaguear pelas ruas e uns
dias de reflexão depois, ainda há dúvidas.
Havana, para
nós, deixa sentir o seu passado, mas
vive o presente e a anseia, com uma ansiedade bem capitalista, pelo futuro. Não é voltar atrás no tempo mas
sim antever o futuro. Obras, reconstruções, alterações misturam-se com casas
degradadas e ruas desfeitas. Fachadas pobres e podres são portas de entrada
para interiores cosmopolitas e modernos. Carros antigos dividem a estrada com
modelos recentes. Bairros colonialistas operários de cores desbotadas compartem
a rua com edifícios de arquitetura contemporânea. Roupa colorida estendida nas
varandas partilha o espaço com holofotes, cenários e carros rápidos
hollywoodescos. Turistas saudosistas cruzam as ruas com cubanos a prever o
futuro. A lassidão de uns confronta-se com a pressa de outros.
No fundo,
parece-nos que a paragem no tempo é mais um desejo de quem vê do que uma
realidade. Mas se a paisagem (ou a viagem) é sempre a experiência de um
individuo e, portanto, questionável como reflexo das suas perceções, a
realidade é algo indiscutível: Havana e Cuba estão em mudança.
Nós gostámos
muito de Havana. Adorámos o contraste. E esta é uma cidade de contrastes,
choques, oposições entre o belo e o feio; o passado e o presente.
Ainda em casa
fizemos questão de ver o que o site oficial de turismo nos oferecia (Autentic Cuba) e trazíamos
umas ideias transmitidas por amigos que já haviam estado por terras cubanas do
que não podíamos deixar de ver mas, desta vez, não houve lugar para pesquisas
detalhadas.
Assim,
pereceu-nos boa opção iniciar uma vista geral da cidade a bordo o autocarro
turístico. A paragem era mesmo junto ao hotel e o bilhete, com o valor de 10
CUC (cerca de 10 euros), permitia andar todo o dia e sair e entrar sempre que o
desejássemos. Foi uma boa opção. Seguimos a rota do autocarro com o guia de
viagem (que muito jeito nos deu já que uma planta de Havana é coisa rara para o
visitante) e ficámos de imediato com uma ideia geral da configuração da cidade
e dos pontos onde nos apearíamos. Percorremos as três áreas principais da
cidade: Habana Vieja, Centro Habana e Prado, e Vedado e Plaza e logo percebemos
que Havana é enorme.
Saímos em Havana
Vieja para começar o nosso périplo pelas ruas.
E esse périplo
durou três dias.
Deambulamos de
guia na mão para não falhar nenhum dos pontos chave. Abrimos os olhos para os
lugares emblemáticos. Lemos a história da cidade e de alguns dos seus
edifícios. Fomos às cinco praças que não se podem deixar de ver em Havana: a
praça da revolução, a praça da catedral, a praça velha, a praça de São
Francisco e a praça do capitólio . Bebemos daiquiris no Floridita. Comemos
pernil e bebemos mojitos na Bodeguita del Médio. Visitámos o capitólio, a
fortaleza da Real Fuerza, o Hotel Inglaterra, o Gran Teatro de La Habana, o
museu de La Revolucion, o museu de Belas Artes, a Catedral de San Cristóbal, o
Palácio de Los Marqueses de Arcos, o Hotel Ambos os Mundos, o Palácio de Los
Marqueses de Aguas Claras, a necrópole de Colombo. Fotografámos os carros.
Dissemos mil e uma vezes que não queríamos charutos aos vendedores de rua. Descansámos
nos jardins. Ouvimos a música constante pelas ruas. Conversámos com as pessoas.
Jantámos no La Guarida (convém reservar via net aqui!) . Subimos e descemos o Paseo del Prado. Passeámos pelas ruas
de Obispo, O´Reilly, de los Oficios... Fomos ao Callejón de Hamell. Visitámos um
ou outro mercado. Vimos o pôr do sol no Malecón. Apanhámos chuva tropical. Caminhámos,
caminhámos, caminhámos…
E percebemos que
o melhor de Havana é fechar o guia e perdermo-nos pelas ruas. É deixar-nos o
coração impregnar-se das cores desbotadas, sentir o cheiro do mar e balançar ao
ritmo da salsa.
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