L’Eixample:
Gaudi, Gaudi e mais Gaudi!
L’Eixample (a extensão) é um grande bairro
construído aquando a expansão da cidade de Barcelona, no século XIX. Está cortado
ao meio pela Avenida Diagonal e é onde encontramos os edifícios mais modernos e
arrojados que marcam a arquitetura da capital.
Começámos a visita a esta área pela
deambulação pelo Passeig de Gràcia, avenida cosmopolita onde abundam as grandes
(e luxuosas) lojas de reconhecidas marcas, cafés, casas de chá, cervejarias,
galerias… e onde os catalães e turistas sobem e descem pausadamente. Os
edifícios que enchem a avenida e as ruas perpendiculares são de todos os
estilos, feitios e épocas pelo que, quem gosta de arquitetura, abre muitas vezes
os olhos e a boca de espanto como quando descobre, meia escondida na carrer d’Aragó,
a “nuvem” metálica no topo do edifício da fundação Antoni Tàpies.
Subindo vagarosamente a Gràcia, por aqui
encontramos alguns dos mais famosos, e fotografados, emblemas da cidade. O “quarteirão
da discórdia” (ou também chamado “mazana de la discórdia” a reverter para o “pomo”
da mitologia) é o exemplo da extravagância arquitetónica que reinou na Barcelona
do século XIX e início do século XX. Nos números 35, 41 e 43, estão três dos exemplos:
a casa Lleó-Morera (1905), a casa Amatller (1898) e a casa Batlló (1906). Na
casa Batlló a entrada é cara (perto de 20 euros) e, confesso, que a meu ver, é
muito mais engraçada vista do exterior do que no interior. A Amatller permite
uma visita ao átrio da entrada sem custos. Já para o interior é necessário reserva
e bilhete, pelo que sei nada barato, e das duas vezes em Barcelona, nunca
passei do dito átrio.
Já a visita ao interior da casa Milà, uns
metros acima na avenida, vale todos os tostões. O bilhete é caro (22 euros). A
fila é grande. Mas é, garantidamente, espetacular. Da autoria que Gaudi, tudo é
diferente, inovador, inspirador! As varandas, as portas, as pinturas, as
escadas, os tectos, o terraço, as torres de ventilação… Por vezes é o fundo do
mar. Por vezes é a floresta. É a natureza transformada em bloco de apartamentos.
E o terraço… O terraço é incrível. Também se conhece melhor Gaudi e a sua obra,
nomeadamente a inspiração para a Sagrada Família, e a loja de “recuerdos” é a
tentação em forma de objetos. A entrada é, obrigatória. Mas o tempo consumido dentro
desta casa vai ser, com certeza, algum.
Após esta visita, e com olhos e mente
saciados, a direção foi para a Sagrada Família. A beleza da catedral é
controversa e se está mais perto de um estaleiro de obras ou de uma escultura excelsa,
não é para discutir. Por fora quase lembra uma construção de areia. Por dentro
é tanto bela como estranha. Mas, pelo menos, não é, de todo, indiferente. Uma
vez mais, a entrada é cara (cerca de 30 euros) mas permite uma subida à torre.
Se há que economizar, talvez seja de dispensar a entrada.
Seguiu-se o Park Guell, via táxi ou metro
pois ainda é longe. Este lugar, no topo de uma colina e com umas vistas
magníficas sobre a cidade, é um jardim urbano povoado pelos sonhos de Gaudi. A
entrada é livre para circular pelos jardins mas, a área monumental é paga e o
preço do bilhete (7 euros) não inclui a casa museu de Gaudi. Solução? Passear
pelos jardins, subir ao miradouro, cheirar as flores e esperar o fim de tarde.
Após as 18h a entrada é gratuita e ainda tem como privilégio o pôr-do-sol. A
desvantagem é que há muita gente com a mesma ideia! Mas o parque, sobretudo a
área monumental, é como estar na casinha de chocolate de Hansel e Gretel. Os
edifícios são tão coloridos e com uma textura visual que os telhados de
suspiros e as paredes de biscoito dão vontade de os trincar. As formas e as cores
transmitem a sensação de estar em diferentes ambientes naturais, reais ou
oníricos, e parecem que nos transportam a um imaginário infantil e feliz. As
escadarias, as colunas, os portões, os mosaicos, os dragões, os telhados, os
recantos e os caminhos, tudo é belo de ver e de fotografar e, sem querer,
colocam sorrisos em quem por lá está.