domingo, 17 de julho de 2016

“Curtos saltos, paraísos próximos” – Sob o Arco da Ponte.


Quem nos conhece bem sabe que, apesar de ambicionarmos conhecer todo o recanto desta casa comum a que chamamos mundo, a nossa cidade – a “Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta cidade do Porto” - tem o condão de nos exortar uma paixão avassaladora. Amamo-la mais que tudo. E sentimos, sempre que regressamos, que quantas mais vemos, mais bela é a nossa! Bairrismos à parte, também lhe vemos os defeitos, falhas, imperfeições…  mas não é por isso que não a adoramos cada vez mais.

Mas vamos ao que importa. Conhecemos bem a nossa cidade e, muitas vezes, dedicamos os nossos momentos a deambular pelos caminhos que ela tem para nos oferecer e fazer de turistas na nossa própria casa. Por isso, não foi de estranhar que, mal soubemos da possibilidade de visitar o arco da ponte da Arrábida, sobretudo com um preço promocional de abertura durante a primeira quinzena, fizemos logo a marcação.

Ainda nos recordamos da autoestrada não atravessar a ponte e de haver a possibilidade de caminhar sobre o seu tabuleiro. Mas éramos crianças e não tínhamos memória da paisagem que de lá se avistava. Com o advento da VCI (Via de Cintura Interna) este passeio deixou de ser viável e a paisagem é rápida e pouco dada a contemplações quando vista da janela do automóvel. Assim, a vista levantava alguma curiosidade. E, claro, escalar o arco soava a adrenalina.

Contactada a Porto Bridge Climb via e-mail (Link aqui ou FB aqui) para marcação da experiência, foi fácil o ajuste do dia. As condições de escalada e segurança estão todas muito claras na página deles. O custo atual é de 12,50 euros, aos fins de semana, e 9 euros, durante a semana, e incluiu uma pequena surpresa chegados ao topo do arco.

Durante a espera pela nossa vez no pequeno átrio ao ar live na base da ponte, tivemos a oportunidade de ler algumas informações sobre as pontes da cidade e a comparação das suas características com outras pontes mundiais. Posto isto, vestimos os arnês e, após as instruções de segurança que nos foram dadas pelo escalador que nos acompanhou, é só partir para a ascensão ao arco! A escalada, ou melhor dizendo, a subida pela escadaria, é muito segura e fisicamente fácil. Não somos dados a vertigens mas não nos pereceu digno que receios, desde que se cumpram as normas. As máquinas fotográficas e outros aparelhos para capturar o momento são aconselhados mas não podem seguir connosco. O escalador trata de os levar e devolver quando estivermos no topo do arco.  Lá em cima também é ventosos e fresquinho logo, convém ir prevenido.

Chegados ao topo, a vista é deslumbrante. Não que seja muito diferente da que temos de outros pontos das cidade mas a luz, o som, o enquadramento dado pelo arco torna este lugar diferente e especial… E a sensação de aventura de estarmos no topo da ponte, a 65 metros do rio Douro, numa ponte que foi um desafio estrutural na época, dá um sabor especial à cidade que se avista pelo pôr-do-sol.















sábado, 28 de maio de 2016

Represent: Cuba!


Capítulo II - Havana.


Toda a gente nos dizia que Havana era voltar atrás no tempo. Após três dias a vaguear pelas ruas e uns dias de reflexão depois, ainda há dúvidas.

Havana, para nós, deixa sentir o seu  passado, mas vive o presente e a anseia, com uma ansiedade bem capitalista,  pelo futuro. Não é voltar atrás no tempo mas sim antever o futuro. Obras, reconstruções, alterações misturam-se com casas degradadas e ruas desfeitas. Fachadas pobres e podres são portas de entrada para interiores cosmopolitas e modernos. Carros antigos dividem a estrada com modelos recentes. Bairros colonialistas operários de cores desbotadas compartem a rua com edifícios de arquitetura contemporânea. Roupa colorida estendida nas varandas partilha o espaço com holofotes, cenários e carros rápidos hollywoodescos. Turistas saudosistas cruzam as ruas com cubanos a prever o futuro. A lassidão de uns confronta-se com a pressa de outros.

No fundo, parece-nos que a paragem no tempo é mais um desejo de quem vê do que uma realidade. Mas se a paisagem (ou a viagem) é sempre a experiência de um individuo e, portanto, questionável como reflexo das suas perceções, a realidade é algo indiscutível: Havana e Cuba estão em mudança.

Nós gostámos muito de Havana. Adorámos o contraste. E esta é uma cidade de contrastes, choques, oposições entre o belo e o feio; o passado e o presente.

Ainda em casa fizemos questão de ver o que o site oficial de turismo nos oferecia (Autentic Cuba) e trazíamos umas ideias transmitidas por amigos que já haviam estado por terras cubanas do que não podíamos deixar de ver mas, desta vez, não houve lugar para pesquisas detalhadas.

Assim, pereceu-nos boa opção iniciar uma vista geral da cidade a bordo o autocarro turístico. A paragem era mesmo junto ao hotel e o bilhete, com o valor de 10 CUC (cerca de 10 euros), permitia andar todo o dia e sair e entrar sempre que o desejássemos. Foi uma boa opção. Seguimos a rota do autocarro com o guia de viagem (que muito jeito nos deu já que uma planta de Havana é coisa rara para o visitante) e ficámos de imediato com uma ideia geral da configuração da cidade e dos pontos onde nos apearíamos. Percorremos as três áreas principais da cidade: Habana Vieja, Centro Habana e Prado, e Vedado e Plaza e logo percebemos que Havana é enorme.

Saímos em Havana Vieja para começar o nosso périplo pelas ruas.

E esse périplo durou três dias.

Deambulamos de guia na mão para não falhar nenhum dos pontos chave. Abrimos os olhos para os lugares emblemáticos. Lemos a história da cidade e de alguns dos seus edifícios. Fomos às cinco praças que não se podem deixar de ver em Havana: a praça da revolução, a praça da catedral, a praça velha, a praça de São Francisco e a praça do capitólio . Bebemos daiquiris no Floridita. Comemos pernil e bebemos mojitos na Bodeguita del Médio. Visitámos o capitólio, a fortaleza da Real Fuerza, o Hotel Inglaterra, o Gran Teatro de La Habana, o museu de La Revolucion, o museu de Belas Artes, a Catedral de San Cristóbal, o Palácio de Los Marqueses de Arcos, o Hotel Ambos os Mundos, o Palácio de Los Marqueses de Aguas Claras, a necrópole de Colombo. Fotografámos os carros. Dissemos mil e uma vezes que não queríamos charutos aos vendedores de rua. Descansámos nos jardins. Ouvimos a música constante pelas ruas. Conversámos com as pessoas. Jantámos no La Guarida (convém reservar via net aqui!) . Subimos e descemos o Paseo del Prado. Passeámos pelas ruas de Obispo, O´Reilly, de los Oficios... Fomos ao Callejón de Hamell. Visitámos um ou outro mercado. Vimos o pôr do sol no Malecón. Apanhámos chuva tropical. Caminhámos, caminhámos, caminhámos…

E percebemos que o melhor de Havana é fechar o guia e perdermo-nos pelas ruas. É deixar-nos o coração impregnar-se das cores desbotadas, sentir o cheiro do mar e balançar ao ritmo da salsa.

Visit our Facebook!